CRÔNICA: ABRINDO OS OLHOS PARA A DIFERENÇA

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Nunca tinha pisado em um país oficialmente muçulmano, mas já tinha visitado alguns com imigrantes seguidores do islã. Quando morei em Londres, era comum ver mulheres de hijab (aquele lenço que cobre a cabeça) para todos os lados. Porém, o que me chocava mais era ver, no mercado, elas todas cobertas de burca preta, só com os olhos de fora.

Quando estava pesquisando sobre a Malásia, descobri que veria mulheres de hijab e que apesar do islamismo ser a religião oficial do país, havia uma liberdade religiosa, portanto, turistas mulheres não eram obrigadas a se cobrir. Mas logo na minha primeira noite em Kuala Lumpur, vi que não daria para usar as mesmas roupas que estava acostumada a usar no resto e do Sudeste Asiático. Um short jeans, relativamente curto, me fez ser muito assediada na rua, de dar medo.

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No meu primeiro dia de passeio pela cidade, incluí uma visita a uma das mesquitas mais famosas da cidade. O legal de Kuala Lumpur é essa misturada de gente, de raças e de religiões. Lá eu visitei templo hindu, templo budista e mesquita.

Eu estava com uma saia abaixo dos joelhos e com os ombros cobertos, mas era um templo muçulmano, portanto eu só poderia entrar se estivesse completamente coberta. Inclusive cabelos. Como eles já imaginam que grande parte dos turistas tem carrega uma burca na mala, eles ofereciam gratuitamente para visitação.

Pelo que entendi, eles amam que os turistas visitem as mesquitas, para modificar a imagem que temos dos muçulmanos. Porque sejamos honestos, a primeira coisa que nos vem à cabeça é bomba e atentado, certo?

Confesso que toda vez que estou em algum lugar cercada por mulheres cobertas me sinto incomodada. É difícil para mim, sendo uma mulher ocidental e bastante independente, ver aquilo sem julgamentos, então eu oscilava entre o desconforto e a consciência de que eu tinha que ter respeito. E me senti assim por todo esse primeiro dia em Kuala Lumpur. Só que quando cheguei na mesquita, as coisas mudaram um pouco.

Assim que entrei, vi que em um dos prédios tinha um homem explicando algo para um grupo. Entrei e fui ouvir o que ele tinha a dizer. Era um homem muçulmano vestido a caráter, contando diversas curiosidades do islamismo e demonstrando as poses para as rezas. Os muçulmanos devem rezar cinco vezes por dia em horários específicos.

Um turista do Peru interrompeu a explicação do homem para perguntar porque eles tinham que rezar tanto. Aí, entrou a personagem principal dessa crônica e que de uma certa forma, transformou meu entendimento em relação às mulheres muçulmanas.

Ela devia ter em torno de 50 anos e era funcionária da mesquita. No início estava apenas assistindo as atividades do grupo, mas na hora da pergunta ela resolver se meter e trouxe uma explicação que me tocou muito (e isso me pegou de surpresa): “Quando a bateria do seu celular está acabando você faz o quê? Carrega, certo? Com as orações é a mesma necessidade. A reza te dá energia para seguir em frente!”

Sobre as roupas, ela me disse que um dos motivos seria parecer com a Virgem Maria e o mais importante era que Deus criou a mulher para ser uma preciosidade e que apenas pessoas especiais poderiam vê-la por completo. Segunda elas as mulheres muçulmanas não se sentem oprimidas e que ali, elas têm liberdade de escolher um marido. Fez questão de me dizer também que, a primeira mulher no mundo que fez uma faculdade, foi uma mulher muçulmana.

Eu ouvi tudo aquilo agradecendo a oportunidade de ter tido contato com o diferente, por que isso me enriquece. Embora continue com as minhas opiniões sobre o tema, vi ali uma mulher genuinamente feliz e aquilo me intrigou.

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A mulher é essa do meio da foto. De óculos, roupa estampada e pano preto.

Podemos sim dizer que fazem elas acreditarem nessas ideias, afim de mantê-las sempre submissas, mas eu não posso julgar. Cresci no ocidente e meus ideais são completamente distintos. Me resta apenas respeitar e exercitar minha empatia.

Beijos,

Flavia Goulart

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Autor: Flavia Goulart

Flavia Goulart é carioca e ama viajar, principalmente sozinha. Desde nova sonhava em conhecer o mundo e transformou isso em um estilo de vida. Com 33 anos já conheceu 32 países e sua meta é continuar conhecendo lugares, culturas e pessoas.