CRÔNICA: E NO MEIO DO CAMINHO TINHA UM ANJO

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A minha primeira semana na Tailândia não foi das mais fáceis: enfrentei muito calor em Bangkok – no nível de nem conseguir passear direito, por conta da umidade que estava me fazendo suar muito – peguei justamente o ano novo chinês na cidade, portanto tudo estava lotado com os amigos de Shangai, e me deparei com valores um pouco acima do que eu esperava. A Tailândia já não era mais tão barata assim e meu orçamento corria risco.

Porém, tudo começou a se acalmar quando chegou o dia de pegar meu voo para Surat Thani, cidade no sudeste do país e que seria a porta de entrada para a minha temporada de praias.

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De lá eu seguiria de ferry boat para a minha primeira ilha tailandesa, chamada Koh Phagnan. Como tudo ainda era muito novo para mim, não tinha certeza se comprar o ticket online era seguro e vantajoso em termos financeiros. Resolvi arriscar e deixei para comprar quando chegasse em Surat Thani.

Só que cheguei bem tarde, e quando a mulher do transfer me buscou no aeroporto, descobri que só daria para comprar o ticket do ferry no outro dia. Aquilo me preocupou porque eu queria pegar o barco na manhã seguinte bem cedo para não perder tempo. Programei meu alarme para às 6 horas, afim de arrumar a mochila e partir de volta ao aeroporto.

Tenho que contar a vocês que amo viajar sozinha e já faço isso há muitos anos, mas as transferências de cidade em uma viagem, sempre me deixam um pouco ansiosa no começo. Vai ser tudo novo, portanto, terei que me readaptar e me localizar, e aquilo me angustia. Aprendi a lidar com esses sentimentos, mas eles ainda viajam comigo. Então, você pode imaginar a minha ansiedade em resolver essa questão do barco.

Meu despertador tocou e notei que tinha uma menina já acordada arrumando suas coisas. Nem tinha visto ela chegar na noite anterior porque apaguei bem cedo. O nome dela era Natalie (o que vim a descobrir mais tarde) e assim que me viu, perguntou se estava indo para o transfer das 07:20. Nem fazia ideia do que ela estava falando, então respondi que meu plano era ir ao aeroporto e organizar a ida para Koh Phagnan.

Mas ela era o meu anjo e eu ainda não sabia…

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Como em um passe de mágica, tudo se resolveu. Ela me disse que estava indo para a mesma ilha e que eu não precisaria ir até o aeroporto, já que ali mesmo no hostel dava para comprar um combo taxi + ferry boat pelo mesmo preço do combo ônibus + ferry boat que eu compraria no aeroporto.

Com a diferença de que esse último sairia mais tarde, estaria cheio de gente, seria uma viagem mais demorada e eu ainda teria que me deslocar até o aeroporto. Essa era a quarta vez que Natalie visitava Koh Phagnan, então eu tinha que confiar nela.

Ela era da Bélgica e viajava bastante, há muitos anos. Nesse mochilão já estava há alguns meses e resolveu voltar à ilha pra viver um romance com um espanhol que estava morando por lá. Natalie era mais velha que eu e me lembrava muito uma amiga minha que sempre teve aquele jeitinho meio mãe cuidadosa, sabe? Várias vezes achei que era a Grazi ali comigo.

O taxi chegou e fomos no conforto até o píer ouvindo umas músicas lindas. Grazi, que dizer, Natalie, colocou uns mantras no Youtube que combinaram perfeitamente com o visual da estrada. Um particularmente me tocou muito. Tanto que deu vontade de chorar. Sabe aqueles momentos em que você se toca do quanto a vida é maravilhosa e se sente completamente grata?

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Eu, que estava cheia de preocupações e ansiosa sem saber qual seria a resolução da minha ida à Koh Phagnan, tive a ajuda do Universo, colocando uma pessoa linda, na hora certa, para me oferecer tudo que eu precisava. Ali caiu a ficha que eu estava na Tailândia, realizando meu sonho de viagem de mais de dez anos.

Queria saber o nome do mantra, mas ela não fazia ideia. Era uma dessas playlists do Youtube. Mas eu já falei para vocês que o Universo estava conspirando muito a meu favor nessa viagem? Eu fiz uns vídeos da estrada enquanto a música estava tocando, e postei no Instagram. Dez minutos depois, uma seguidora me enviou uma mensagem dizendo que amava aquela música e que tinha acabado de meditar com ela. Pedi o nome na hora, né?

Ouvi o mantra durante quase toda a viagem de barco e fui agradecendo por tudo que eu estava vivendo. Natalie, além de um anjo, era muito parecida comigo e gostava de curtir um silêncio, então pude ter o meu momento. Quando chegamos na ilha, ela me apontou aonde eu deveria ir para pegar o mototaxi, se despediu e me desejou boa viagem. Era ou não um anjo que veio só para me direcionar? Ela me trouxe a confiança que eu precisava logo no início da minha jornada asiática.

Como é maravilhoso viajar sozinha e cruzar com pessoas que te enriquecem sem nem imaginar! Obrigada Koh Phangan e principalmente, obrigada Natalie!

Beijos,

Flavia Goulart

Autor: Flavia Goulart

Flavia Goulart é carioca e ama viajar, principalmente sozinha. Desde nova sonhava em conhecer o mundo e transformou isso em um estilo de vida. Com 33 anos já conheceu 32 países e sua meta é continuar conhecendo lugares, culturas e pessoas.